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FÁBRICA DE LICORES MULHER DE CAPOTE - RIBEIRA GRANDE - SÃO MIGUEL - AÇORES

Deixámos a Igreja Matriz para traz e já nos encaminhávamos para o carro, quando um de nós pergunta:
-Vocês não queriam levar licores? É que de querem é daqui.
Bom, não estávamos a pensar nisso logo no primeiro dia mas, dito assim desta maneira... não viemos cá para perder oportunidades... vamos lá aos licores.


Mulher de Capote - Ribeira Grande - São Miguel - AÇORES



Fruta sã criteriosamente escolhida e no ponto certo de maturação, água ardente e calda de açúcar, dois anos de maturação e muito saber resulta em licor premiado.
A empresa Eduardo Ferreira & Filhos, fundada em 1993, já vem, desde 1936 a apurar esta técnica da qual não faz segredo.
Quem queira conhecer mais do que a loja tem a possibilidade de visitar o pomar, aprender sobre o plantio, a colheita, a pesagem da fruta, lavagem, corte, maceração, preparação da bebida, envelhecimento, decantação, engarrafamento e rotulagem.
Começando pelo pomar ou indo directamente à loja, vai ser sempre possível comprovar que se trata do lado mais doce e espirituoso em estado líquido dos Açores.

Mulher de Capote - Ribeira Grande - São Miguel - AÇORES


Aqui nesta loja é tudo bom e, quem não acredita, é caso de pedir às Meninas para provar que elas dão. E sugerem! E voltam a dar. E depois o grande trabalho é decidir entre: licor de maracujá, a jóia da coroa; ou de banana; ou de ananás; ou de amora; ou de lima; ou de anis, com rama dentro; ou dos novos sabores café, cappuccino e chocolate com menta.
Mas se a preferência não é assim tão doce, há também o Brandy de Maracujá, uma mistura de Brandy caseiro com licor de maracujá; um vinho abafado, ou, quem sabe, uma aguardente velhíssima.
É caso de pedir às Meninas para provar que elas dão. E sugerem! E voltam a dar.
E se, depois de tanta incerteza, a capacidade de decidir perder toda a firmeza e entrar em desalinho... há caixas de mini-garrafas com sortido de sabores.
Mulher de Capote - Ribeira Grande - São Miguel - AÇORES



Depois de se ficar a saber como se produzem e a que sabem os licores, prestemos agora atenção às garrafas.
Há garrafas de vidro de formato normal, miniaturas, garrafas que são as figuras da mulher e do homem de capote, do emigrante açoriano, da torre da Matriz de Ponta Delgada, do farol, do milhafre, das vacas; e há ainda as que são de porcelana, onde estão representados momentos das festividades mais tradicionais dos Açores.
Estes licores são exportados para o Canadá e para os Estados Unidos e o Senhor Eduardo Ferreira sabe muito bem que a imagem das suas garrafas é uma boa mostra da cultura da sua região.

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Provas aprovadas e compras efectuadas, dado o teor alcoólico, antes de sair da loja vou socorrer-me da letra de um fado de Amália que Mariza também ajuda a perpetuar.
Nada que tenhamos abusado mas, uma vez que há degraus à saída e a rua tem uma ligeira inclinação, é importante levar em conta que:
"As leis da física falham
E a vertical de qualquer lugar
Oscila sem se deter
E deixa de ser perpendicular
...
E a provar o que digo
Vamos meu amigo
A mais um copinho"

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Mulheres de capote foram todas as mulheres açorianas que usaram capa rodada comprida, em tecido grosso, sempre nas cores preto ou azul escuro e capelo.
O capelo é um capuz assente nos ombros, suportado por um arco de osso de baleia para lhe dar a forma e que tem a função de cobrir a cabeça e não raras vezes, encobrir o rosto.
Não se sabe muito bem a origem deste traje de capote-e-capelo. Os mais estudiosos acreditam que foi trazido pelos flamengos, os mais práticos afirmam que não é mais do que uma adaptação do teaje de capa e capuz usado pelas mulheres continentais nos séculos XVII e XVIII e os mais crentes vêem nele uma réplica do manto de Nossa Senhora.
Já as explicações do motivo de utilização deste traje, nem todas são assim tão ortodoxas. Sim, o frio, sim, o recato das senhoras, mas sim também o anonimato em encontros mais discretos... ou indiscretos.
A mulher de capote é aquela que usava traje de capote-e-capelo, que só o que levava calçado a identificava à entrada para a missa e que se tornava irreconhecível sempre que a sociedade ou a circunstância o exigiam.


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