JAPÃO - KYOTO - FESTIVAL AOI

Entre os anos de 539 e 571 sofreu o Japão uma série de intempéries e catástrofes naturais que destruíram as culturas de grãos, sobretudo de arroz, que é alimento base da alimentação aqui para estes lados.

Convencido que era castigo divino, o Imperador mandou os seus mensageiros aos templos a pedir orações e actos de devoção para acalmar a fúria divina e rezar por colheitas abundantes.

Salvaram-se as colheitas e não mais deixou de se fazer esta espécie de procissão.
Actualmente, aquilo a que locais e turistas assistem é a um desfile evocativo deste acontecimento já distante no tempo.





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JAPÃO - KYOTO - HOTEL MONTEREY - CAPELA DE SÃO SIMÃO

Indicavam as setas nas tabuletas... quero dizer... estamos no país da tecnologia, não há tabuletas há tablets. Sim senhores! Pelo hotel fora iam havendo tablets que indicavam para onde ficavam os espaços comuns de interesse. Salas de jantar, salas de pequenos almoços, estúdio fotográfico e capela. Foi só seguir as setas das tabuletas, quero dizer, dos tablets e encontrámos a capela.

Como a porta está apenas encostada, estamos todos convidados a entrar.
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey

Surpreendente é o facto de estarmos num país que se devota ao xintoísmo em vida, se entrega ao budismo na morte e depois, dentro de um hotel, apresenta-se um templo cristão com órgão, vitrais e tudo mais que uma capela deve ter, inclusivamente Santo Padroeiro. Esta é dedicada a São Simão.
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey

Os vitrais não são especialmente importantes, o órgão não se classifica pelo número de tubos, mas não deixa de ser surpreendente o que é que faz uma capela num pátio interior de um hotel no centro da cosmopolita cidade de Kyoto!


Tenho procurado muito sobre a história deste edifício, mas há perguntas que devem ser feitas na recepção.
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey

Indicavam as tabuletas... quero dizer os tablets, o caminho para a capela, para o estúdio fotográfico... Com capela, estúdio fotográfico e um átrio destes está-se mesmo a ver que é a armar ao casamento mas, será que há tantos casamentos cristãos assim?


Mais perguntas que deveriam ter sido feitas na recepção em vez de estar para aqui com especulações.
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey

JAPÃO - KYOTO - HOTEL MONTEREY****


Chegámos aqui mais ou menos dez minutos antes das nove da noite, sob chuva, algum vento e sob a ansiedade contida da nossa guia.
O jantar tinha sido antecipado, as bagagens tinham seguido para os quartos enquanto jantávamos para que não se perdesse tempo. O recado era tentar o mais possível estar no hotel antes que batessem as nove da noite, até porque o motorista ainda tinha que ir arrumar o autocarro.

Tudo correu como previsto. Entrámos no hotel antes das nove da noite, as malas estavam já nos quartos e a ordem era recolher e não sair do hotel por razão nenhuma. Havia um ciclone que tinha feito muitos estragos lá para o sul, mas que já estáva devidamente monitorizado e sabia-se que havia de chegar e estar activo entre as 21 e as 23 horas.

Antes de subir ao 12º andar, só tivemos tempo de deitar um olhar de soslaio às potentes máquinas que se viam da porta entreaberta da garagem.

Esperemos então pelo dia de amanhã para explorar um hotel em que as únicas cápsulas que existem serão comprimidos.
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey****

Subimos ao 12º andar de cartão na mão, como de costume e, de repente, é isto, LADIES FLOOR! Como?... Nem no mais profundo Egipto se encontrou tal coisa!
Vem a gente para o país conhecido pelas suas relações liberais e depois é isto, menino não entra!

Afinal e no fim de contas, aquele cartão que era só para abrir a porta do quarto é também o cartão que abre a porta de acesso ao corredor dos quartos das ladies, não vá algum distraído sair do elevador e querer entrar num espaço que não é o seu género.

Os andares eram muitos e não os percorremos todos, mas não se nos constou que houvesse men's floor.

Preplexas pela descriminação de género, entusiasmadas pela presença de um ciclone vivido em segurança, tolhidas pelo jet leg, entremos no nosso ladies room.

JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey****
 Às vezes a gente faz a mala e esquece-se de coisas. O conselho a quem vá ao Japão é: deixe coisas em casa!
Já tinhamos percebi alguma diferença para melhor no primeiro hotel em Osaka mas este vai ainda mais além naquilo que é pensar no que o hóspede pode precisar.

Em cima da cama este roupão de banho, para o banho um necessaire para cada hóspede cheio de produtos e objectos descartáveis, depois do banhinho, um pijama para os naturalmente esquecidos. Ora mas para que vai a gente carregada se eles pensam em tudo?

Abrir gavetas nestes quartos está a tornar-se uma actividade cada vez mais emocionante!
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey****

A noite passou e o ciclone também.
Este último, o ciclone, passou pontualmente como estava previsto entre as 21 e as 23 horas.

Resistimos à tentação de abrir a janela mas não resistimos à tentação de assomar cá do lado de dentro. O barulho é potente e medonho. A gente sente-se como se tivesse pedido abrigo ao porquinho mais inteligente dos três e que construiua casa mais resistente, mas a ver o lobo mau a rondar.

Vimos televisão para tentar perceber para onde é que ele se dirigia mas, nada feito. Não se percebe nem o que se diz, nem o que se escreve e a meteorologia não tem símbolos.
Como sempre, depois da tempestade vem a bonança e o dia seguinte acordou soalheiro. Agora sim, é hora de explorar um hotel que tem setas a indicar capela e estúdio fotográfico
 
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey****

Boas vindas, em Japonês, mas de forma a que toda a gente perceba.
JAPÃO - Kyoto - Hotel Monterey****


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JAPÃO - ORIGAMI

Cheguei à mesa com o meu ar desastrado e logo alguém me disse:
- Cuidado com o origami.
- Origami? O que é um origami? - pois, pode ser pergunta de ignorante mas é para isso que se viaja, para aprender. Também pode ser e é com certeza uma pergunta de quem não fez o trabalho de casa todo. É assim!
JAPÃO - Origami
Lá me explicaram que origami era aquele trabalho de dobragem em papel. Então por que é que os aviões de papel, os chapéus, as caravelas que fazíamos na escola eram dobragens e este é origami? Ninguém ,e soube explicar e a pesquisa ficou para depois de chegar a casa.
Afinal, origami é o nome japonês para uma arte tradicional que não é mais que dobragem de uma folha de papel quadrado ou rectangular, sem uso de tesouras ou qualquer outro objecto cortante, cujo resultado final é um animal, na maioria dos casos aquático.
JAPÃO - Origami
Diz que a tradição já não é bem o que era e o papel original até já pode ser circular e o resultado algo diferente de animal aquático e a técnica já é usada por muitos outros países que não só o Japão.
Pronto, está então explicado, o povo do sushi dobra papel, dá-lhe forma de peixes e chama-lhe origami, o povo dos descobridores dobra papel em forma de aviões e caravelas e dá-lhe o nome de dobragens.
JAPÃO - Origami

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MAIKO E GUEIXA - JOGOS DE SALÃO

Para além da dança, das boas maneiras, de uma conversa simples e de uma presença agradável, a maiko aprende ainda jogos tradicionais que ensina e com os quais entretém os seus convidados... e às vezes perde...
Nada que uma gargalhada, que é linguagem universal, não resolva.

JAPÃO - KYOTO - GION - A ARTE DE SER GUEIXA

Já aprendeu a dançar, a pintar a cara de branco e os lábios de vermelho, já se habituou a dormir pouco e já está acostumada aos puxões de cabelo da cabeleireira uma vez por semana. Já brigou pelo seu lugar lá em casa, na okiya e já ganhou o seu espaço nas recepções aos convidados. Agora já usa quimono de gola branca, já ata o obi de maneira diferente e faz danças mais elaboradas porque aprendeu as piruetas de um leque.
Agora já é geiko!

Era maiko e não podia mas agora é geiko e já pode. 
Já aprendeu a servir à mesa com movimentos precisos e graciosos, já sabe conversar sobre temas banais e dar respostas genéricas quando o tema se complica, já é uma companhia que embeleza e torna agradável qualquer jantar de negócios... já conquistou o direito de poder sentar à mesa.

Uma vez por semana, maiko e geiko vão ao cabeleireiro fazer o seu penteado trabalhoso e dispendioso, que tem que durar apresentável como se estivesse acabado de fazer, até à semana seguinte.
Repuxar o cabelo desta maneira e tão frequentemente tem trazido sérios problemas de saúde a estas profissionais. Manter o formato do penteado exige muitas vezes dormir com a nuca apoiada numa estrutura em madeira que afaste a cabeça do travesseiro.
A vida dura das meninas que um dia decidiram trocar a modernidade pela tradição.
Pergunta inevitável para quem visita o Japão sem ter feito o trabalho de casa todo é: "por que pintam as maiko e geiko o rosto de branco?".
Hoje todos temos luz eléctrica e conseguimos ver bem o rosto das maiko e geiko mas, noutros tempos, à luz da vela, não eram bem visíveis as feições e expressões das profissionais. Então, instituiu-se que pintariam o rosto de branco para serem bem visíveis na penumbra.
Ainda hoje as maiko e geiko pintam o rosto de branco e as restantes mulheres usam cosméticos de muito boa qualidade porque almejam uma pele clara, muito clarinha, quase branca.




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JAPÃO - KYOTO - GION - GEIKO - MULHER DE ARTES


Aos 20 anos as meninas maiko ascendem a geiko e, com esta passagem, ajudam a perdurar a arte tradicional japonesa. Cada uma delas torna-se mais uma a adensar o mistério, o fascínio e o mito que corre à volta da sua nova profissão, a de ser gueixa.

Por princípio uma gueixa não é uma prostituta, é uma acompanhante social. É a presença agradável numa refeição de negócios, é o pormenor que falta para enfeitar e animar uma festa, é a companhia perfeita para quem precisa de conversar, é uma "mulher de arte" se quisermos ser literais na tradução do termo geiko.

Trabalha até tarde em locais públicos frequentados maioritariamente por homens, é admirada e desejada por eles, aceita-lhes patrocínio, tem casa posta onde recebe meninas a quem ensina a mesma arte.

Mistério é só mais um dos pilares que mantém ainda viva esta profissão em declínio.



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JAPÃO - KYOTO - GION - DE MAIKO A GUEIXA

Tem entre 15 e 19 anos, acorda cedo, vai para a escola especial de artes tradicionais onde aprende canto, toca instrumentos musicais, faz dança, aprende a preceito a cerimónia de chá e a fazer arranjos florais... e tudo o que de mais há para aprender da tradição da cultura do seu país
A meio da tarde regressa a casa para um pequeno intervalo de descanso ao qual se segue umamaquilhagem perfeita e rigorosa, um quimono especial, um obi para prender, um penteado para ajeitar e enfeitar e uma nova saídapara se apresentar e abrilhantar o jantar de mais um grupo de convidados.

Volta a casa já tarde e dorme pouco e em cuidados para não estragar o penteado.

Eis a vida de uma maiko, a menina adolescente que faz noitadas sem dinheiro no bolso nem tempo para namorar.

JAPÃO - Kyoto - Gion
Às seis da tarde os turistas juntam-se nos passeios de Gion para ver passar as maiko e geiko a caminho dos restaurantes e casas de chá para fazer as suas apresentações. Mas, será que todos sabes distinguir uma maiko de uma geiko?
Para que nenhum seja turista desprevenido, aqui vai a explicação que afinal é simples. Numa maiko a gola do quimono, isto é, aquele friso de tecido abaixo da nuca, é vermelho. Numa geiko a gola é branca.

Há ainda diferença na forma como ata o obi, mas do obi falamos a seguir.

JAPÃO - Kyoto - Gion
Obi, o cinto que aperta os quimonos é uma das peças mais importantes, se não a fundamental, no traje tradicional do Japão.
As solteirras atam-no em laço, as casadas em almofada, as sérias atam-nos atrás, as de moral mais distraída à frente.

As maiko, escolhem um tecido da seda mais bonita que encontrarem, pintam-no à mão com motivos de flores e pássaros e deixam-no cair a direito para que se veja bem toda a arte que puseram na sua confecção.

JAPÃO - Kyoto - Gion
Têm entre 15 e 19 anos as meninas que deixam a casa dos pais para rumarem à cidade grande e aprender a arte tradicional japonesa.
Partilham casa, chamam mãe à que não é, competem com as irmãs que também não o são. Empenham-se nas artes musicais e na dança, aprendem a conversar sem desconversar e a pintar-se com rosto de bonecas e lábios de mulher.

É dispendiosa e completa a formação de uma maiko. 

Tão dispendiosa que chega a ser patrocinada. Tão completa que chega a ocupar-se até da passagem de menina a mulher.

Aos 19 anos voltam a casa de seus pais as meninas que não chegam a ser gueixas porque não quiseram chegar a ver a sua honra leilodada e arrematada por quem der mais.

JAPÃO - Kyoto - Gion



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JAPÃO - KYOTO - GION - DE MENINA A MAIKO

Aos 15 anos, depois de terminar o liceu. algumas meninas que vivem em Kyoto e outras tantas que rumam até Kyoto, resolvem iniciar a sua formação na profissão de gueixa.
Aprender a ser gueixa é, muitas vezes, uma forma que as famílias encontram de dar a suas filhas uma educação tradicional, artística, de boa qualidade e gratuita.

JAPÃO - Kyoto - Gion     
As meninas que querem ser gueixas, chegam de todo o país e dirigem-se ao bairro mais conceituado da cidade de Kyoto para aprender a sua nova profissão.
Hospedam-se numa espécie de residência de estudantes ou, se quisermos ser mais precisos, uma família de acolhimento com mãe e irmãs mais velhas.
A partir daqui, começa uma vida dura, com sacrifícios, provações, regras, guerras, intrigas, mas também o glamour necessário para que se aguente tudo isto.
JAPÃO - Kyoto - Gion     

Quando entram nas okiya, as casas de acolhimento, as maiko recebem da sua okaa-san, a mãe de profissão, alimentação, kimonos, obi, calçado, maquilhagem, penteados e adornos para o penteado e educação da arte tradicional japonesa.

A educação de uma gueixa é um investimento avultado que a okiya avança sob a forma de empréstimo e que a futura profissional vai ter que pagar até ao último cêntimo com o lucro do seu trabalho.

O lado B da arte e do glamour.

JAPÃO - Kyoto - Gion     

Lá em casa, na okiya, para além da okaa-san, a mãe de acolhimento, existem também as onee-san, as irmãs de comunidade.

São mais velhas, muitas vezes já gueixas e têm a missão de ensinar e servir de exemplo às meninas que chegam e que começam por ser maiko antes de serem geiko (gueixas).

A relação entre elas é tão quezilenta como a das irmãs, tão competitiva como a de duas concorrentes, tão amigável quanto a regra lá de casa o obrigue.

Cá do lado de fora, tudo é calma e harmonia.

JAPÃO - Kyoto - Gion     
Com as irmãs de comunidade mais velhas a maiko aprende boas maneiras e bons modos de estar. Aprende a pintar a pele de branco, cor da inocência e os lábios da cor da cereja que é símbolo de pureza. 

Na escola vai aprender a usar sandálias de corda, a caminhar com passos curtos e a dançar de forma graciosa.

Com a mãe vai a recepções para aprender a comportar-se em público, faz as primeiras apresentações de dança e, quem sabe, angaria alguém interessado em patrocinar a sua dispendiosa educação de gueixa.

Tudo isto, tem que ser feito sem tirar brilho nem admiração às irmãs mais velhas.

JAPÃO - Kyoto - Gion     

Nas recepções onde estão juntas, maiko e geiko têm funções diferentes.

Maiko, a pequena bailarina, dança e faz companhia agradável à mesa conversando sobre coisas banais. É o elemento que torna uma recepção, um jantar, mais bonito.

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Para além da dança, das boas maneiras, de uma conversa simples e de uma presença agradável, a maiko aprende ainda jogos tradicionais que ensina e com os quais entretém os seus convidados... e às vezes perde...

Nada que uma gargalhada que é linguagem universal não resolva.

JAPÃO - Kyoto - Gion     


Maiko significa literalmente "pequena bailarina" e foi isso que viemos aqui fazer, ver uma maiko bailar.
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