JAPÃO - ORIGAMI

Cheguei à mesa com o meu ar desastrado e logo alguém me disse:
- Cuidado com o origami.
- Origami? O que é um origami? - pois, pode ser pergunta de ignorante mas é para isso que se viaja, para aprender. Também pode ser e é com certeza uma pergunta de quem não fez o trabalho de casa todo. É assim!
JAPÃO - Origami
Lá me explicaram que origami era aquele trabalho de dobragem em papel. Então por que é que os aviões de papel, os chapéus, as caravelas que fazíamos na escola eram dobragens e este é origami? Ninguém ,e soube explicar e a pesquisa ficou para depois de chegar a casa.
Afinal, origami é o nome japonês para uma arte tradicional que não é mais que dobragem de uma folha de papel quadrado ou rectangular, sem uso de tesouras ou qualquer outro objecto cortante, cujo resultado final é um animal, na maioria dos casos aquático.
JAPÃO - Origami
Diz que a tradição já não é bem o que era e o papel original até já pode ser circular e o resultado algo diferente de animal aquático e a técnica já é usada por muitos outros países que não só o Japão.
Pronto, está então explicado, o povo do sushi dobra papel, dá-lhe forma de peixes e chama-lhe origami, o povo dos descobridores dobra papel em forma de aviões e caravelas e dá-lhe o nome de dobragens.
JAPÃO - Origami

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MAIKO E GUEIXA - JOGOS DE SALÃO

Para além da dança, das boas maneiras, de uma conversa simples e de uma presença agradável, a maiko aprende ainda jogos tradicionais que ensina e com os quais entretém os seus convidados... e às vezes perde...
Nada que uma gargalhada, que é linguagem universal, não resolva.

JAPÃO - KYOTO - GION - A ARTE DE SER GUEIXA

Já aprendeu a dançar, a pintar a cara de branco e os lábios de vermelho, já se habituou a dormir pouco e já está acostumada aos puxões de cabelo da cabeleireira uma vez por semana. Já brigou pelo seu lugar lá em casa, na okiya e já ganhou o seu espaço nas recepções aos convidados. Agora já usa quimono de gola branca, já ata o obi de maneira diferente e faz danças mais elaboradas porque aprendeu as piruetas de um leque.
Agora já é geiko!

Era maiko e não podia mas agora é geiko e já pode. 
Já aprendeu a servir à mesa com movimentos precisos e graciosos, já sabe conversar sobre temas banais e dar respostas genéricas quando o tema se complica, já é uma companhia que embeleza e torna agradável qualquer jantar de negócios... já conquistou o direito de poder sentar à mesa.

Uma vez por semana, maiko e geiko vão ao cabeleireiro fazer o seu penteado trabalhoso e dispendioso, que tem que durar apresentável como se estivesse acabado de fazer, até à semana seguinte.
Repuxar o cabelo desta maneira e tão frequentemente tem trazido sérios problemas de saúde a estas profissionais. Manter o formato do penteado exige muitas vezes dormir com a nuca apoiada numa estrutura em madeira que afaste a cabeça do travesseiro.
A vida dura das meninas que um dia decidiram trocar a modernidade pela tradição.
Pergunta inevitável para quem visita o Japão sem ter feito o trabalho de casa todo é: "por que pintam as maiko e geiko o rosto de branco?".
Hoje todos temos luz eléctrica e conseguimos ver bem o rosto das maiko e geiko mas, noutros tempos, à luz da vela, não eram bem visíveis as feições e expressões das profissionais. Então, instituiu-se que pintariam o rosto de branco para serem bem visíveis na penumbra.
Ainda hoje as maiko e geiko pintam o rosto de branco e as restantes mulheres usam cosméticos de muito boa qualidade porque almejam uma pele clara, muito clarinha, quase branca.




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JAPÃO - KYOTO - GION - GEIKO - MULHER DE ARTES


Aos 20 anos as meninas maiko ascendem a geiko e, com esta passagem, ajudam a perdurar a arte tradicional japonesa. Cada uma delas torna-se mais uma a adensar o mistério, o fascínio e o mito que corre à volta da sua nova profissão, a de ser gueixa.

Por princípio uma gueixa não é uma prostituta, é uma acompanhante social. É a presença agradável numa refeição de negócios, é o pormenor que falta para enfeitar e animar uma festa, é a companhia perfeita para quem precisa de conversar, é uma "mulher de arte" se quisermos ser literais na tradução do termo geiko.

Trabalha até tarde em locais públicos frequentados maioritariamente por homens, é admirada e desejada por eles, aceita-lhes patrocínio, tem casa posta onde recebe meninas a quem ensina a mesma arte.

Mistério é só mais um dos pilares que mantém ainda viva esta profissão em declínio.



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JAPÃO - KYOTO - GION - DE MAIKO A GUEIXA

Tem entre 15 e 19 anos, acorda cedo, vai para a escola especial de artes tradicionais onde aprende canto, toca instrumentos musicais, faz dança, aprende a preceito a cerimónia de chá e a fazer arranjos florais... e tudo o que de mais há para aprender da tradição da cultura do seu país
A meio da tarde regressa a casa para um pequeno intervalo de descanso ao qual se segue umamaquilhagem perfeita e rigorosa, um quimono especial, um obi para prender, um penteado para ajeitar e enfeitar e uma nova saídapara se apresentar e abrilhantar o jantar de mais um grupo de convidados.

Volta a casa já tarde e dorme pouco e em cuidados para não estragar o penteado.

Eis a vida de uma maiko, a menina adolescente que faz noitadas sem dinheiro no bolso nem tempo para namorar.

JAPÃO - Kyoto - Gion
Às seis da tarde os turistas juntam-se nos passeios de Gion para ver passar as maiko e geiko a caminho dos restaurantes e casas de chá para fazer as suas apresentações. Mas, será que todos sabes distinguir uma maiko de uma geiko?
Para que nenhum seja turista desprevenido, aqui vai a explicação que afinal é simples. Numa maiko a gola do quimono, isto é, aquele friso de tecido abaixo da nuca, é vermelho. Numa geiko a gola é branca.

Há ainda diferença na forma como ata o obi, mas do obi falamos a seguir.

JAPÃO - Kyoto - Gion
Obi, o cinto que aperta os quimonos é uma das peças mais importantes, se não a fundamental, no traje tradicional do Japão.
As solteirras atam-no em laço, as casadas em almofada, as sérias atam-nos atrás, as de moral mais distraída à frente.

As maiko, escolhem um tecido da seda mais bonita que encontrarem, pintam-no à mão com motivos de flores e pássaros e deixam-no cair a direito para que se veja bem toda a arte que puseram na sua confecção.

JAPÃO - Kyoto - Gion
Têm entre 15 e 19 anos as meninas que deixam a casa dos pais para rumarem à cidade grande e aprender a arte tradicional japonesa.
Partilham casa, chamam mãe à que não é, competem com as irmãs que também não o são. Empenham-se nas artes musicais e na dança, aprendem a conversar sem desconversar e a pintar-se com rosto de bonecas e lábios de mulher.

É dispendiosa e completa a formação de uma maiko. 

Tão dispendiosa que chega a ser patrocinada. Tão completa que chega a ocupar-se até da passagem de menina a mulher.

Aos 19 anos voltam a casa de seus pais as meninas que não chegam a ser gueixas porque não quiseram chegar a ver a sua honra leilodada e arrematada por quem der mais.

JAPÃO - Kyoto - Gion



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JAPÃO - KYOTO - GION - DE MENINA A MAIKO

Aos 15 anos, depois de terminar o liceu. algumas meninas que vivem em Kyoto e outras tantas que rumam até Kyoto, resolvem iniciar a sua formação na profissão de gueixa.
Aprender a ser gueixa é, muitas vezes, uma forma que as famílias encontram de dar a suas filhas uma educação tradicional, artística, de boa qualidade e gratuita.

JAPÃO - Kyoto - Gion     
As meninas que querem ser gueixas, chegam de todo o país e dirigem-se ao bairro mais conceituado da cidade de Kyoto para aprender a sua nova profissão.
Hospedam-se numa espécie de residência de estudantes ou, se quisermos ser mais precisos, uma família de acolhimento com mãe e irmãs mais velhas.
A partir daqui, começa uma vida dura, com sacrifícios, provações, regras, guerras, intrigas, mas também o glamour necessário para que se aguente tudo isto.
JAPÃO - Kyoto - Gion     

Quando entram nas okiya, as casas de acolhimento, as maiko recebem da sua okaa-san, a mãe de profissão, alimentação, kimonos, obi, calçado, maquilhagem, penteados e adornos para o penteado e educação da arte tradicional japonesa.

A educação de uma gueixa é um investimento avultado que a okiya avança sob a forma de empréstimo e que a futura profissional vai ter que pagar até ao último cêntimo com o lucro do seu trabalho.

O lado B da arte e do glamour.

JAPÃO - Kyoto - Gion     

Lá em casa, na okiya, para além da okaa-san, a mãe de acolhimento, existem também as onee-san, as irmãs de comunidade.

São mais velhas, muitas vezes já gueixas e têm a missão de ensinar e servir de exemplo às meninas que chegam e que começam por ser maiko antes de serem geiko (gueixas).

A relação entre elas é tão quezilenta como a das irmãs, tão competitiva como a de duas concorrentes, tão amigável quanto a regra lá de casa o obrigue.

Cá do lado de fora, tudo é calma e harmonia.

JAPÃO - Kyoto - Gion     
Com as irmãs de comunidade mais velhas a maiko aprende boas maneiras e bons modos de estar. Aprende a pintar a pele de branco, cor da inocência e os lábios da cor da cereja que é símbolo de pureza. 

Na escola vai aprender a usar sandálias de corda, a caminhar com passos curtos e a dançar de forma graciosa.

Com a mãe vai a recepções para aprender a comportar-se em público, faz as primeiras apresentações de dança e, quem sabe, angaria alguém interessado em patrocinar a sua dispendiosa educação de gueixa.

Tudo isto, tem que ser feito sem tirar brilho nem admiração às irmãs mais velhas.

JAPÃO - Kyoto - Gion     

Nas recepções onde estão juntas, maiko e geiko têm funções diferentes.

Maiko, a pequena bailarina, dança e faz companhia agradável à mesa conversando sobre coisas banais. É o elemento que torna uma recepção, um jantar, mais bonito.

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Para além da dança, das boas maneiras, de uma conversa simples e de uma presença agradável, a maiko aprende ainda jogos tradicionais que ensina e com os quais entretém os seus convidados... e às vezes perde...

Nada que uma gargalhada que é linguagem universal não resolva.

JAPÃO - Kyoto - Gion     


Maiko significa literalmente "pequena bailarina" e foi isso que viemos aqui fazer, ver uma maiko bailar.
JAPÃO - Kyoto - Gion     



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