SALTO DA FARINHA - SÃO MIGUEL - AÇORES

Na informação que tínhamos recolhido estava desaconselhado levar o carro até à cascata do Salto da Farinha pelo declive da estrada. 
Também estava aconselhado parar em Salga, a terrinha mais próxima e perguntar se a cascata corria ou se já tinha secado.
Aconteceu que nós vínhamos do lado contrário e não passámos a Salga. 
Também aconteceu que a informação que tínhamos do que havíamos pesquisado era que a cascata só deixa de correr no final do Verão.

Salto da Farinha - São Miguel - AÇORES


Então, cheios do ânimo que as malassadas nos trouxeram e confiados nos dez minutos de caminho que disse a senhora da carrinha branca, empreendemos a descida.

Salto da Farinha - São Miguel - AÇORES


A estrada é efectivamente estreita para se cruzarem dois carros, moderadamente íngreme ao início, mas o declive vai-se acentuando à medida que se vai descendo, ainda assim, muito capaz para se fazer a pé.

Salto da Farinha - São Miguel - AÇORES


Não contei os minutos mas estou capaz de dizer que são dez, sim, mas bem medidos.

Salto da Farinha - São Miguel - AÇORES


Não é preciso chegar lá a baixo para ver a cascata... cascatinha... fio de água... fio de farinha que escorre do penhasco de 40 metros de altura. Era com isso que os moleiros aqui à volta a comparavam e foi assim que acabou a ser chamada.

Salto da Farinha - São Miguel - AÇORES


Era possível descer até à praia, passar por trás da casa e ir até à base da cascata apreciar a queda de água na base, mas não valia a pena.

Salto da Farinha - São Miguel - AÇORES


Quem tenha um plano de visita apertado deve ponderar bem se deve parar mas, se estiver lá a carrinha branca da senhora das malassadas, então a paragem é obrigatória.

Salto da Farinha - São Miguel - AÇORES










PEDRA DOS ESTORNINHOS E SALTO DA FARINHA - SÃO MIGUEL - AÇORES

Uma visita três em um, dois miradouros e uma cascata... uma cascatinha... um fio de farinha que escorre de uma saca... é melhor ver.








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MIRADOURO E MERENDÁRIO DA PEDRA DOS ESTORNINHOS - SÃO MIGUEL - AÇORES

Parar na Pedra dos Estorninhos é um três em um: dois miradouros e uma cascata. 
Começámos pelo Miradouro da Pedra dos Estorninhos. 

Miradouro da Pedra dos Estorninhos - São Miguel - AÇORES


Mais uma bela vista sobre a costa norte da ilha. 

Miradouro da Pedra dos Estorninhos - São Miguel - AÇORES


Até se pode pensar que, se é só mais uma, talvez se possa passar à frente. O que esta vista tem de diferente é que dá para uma praia de areia escura. A combinação de cores da água com a areia e a vegetação da montanha são diferentes de todos os outros miradouros. 

Miradouro da Pedra dos Estorninhos - São Miguel - AÇORES


Já agora, se o dia for de sol, a melhor altura para tirar o melhor partido de todas estas cores, é da parte da tarde.

Miradouro da Pedra dos Estorninhos - São Miguel - AÇORES

Também tem um merendário mas esta costa é tão ventosa...

Miradouro da Pedra dos Estorninhos - São Miguel - AÇORES


Não sabemos a origem do nome mas, olhando para o penhasco que sustenta o miradouro e os outros à volta, podemos intuir que naquelas locas possam existir ninhos de estorninhos.

Miradouro da Pedra dos Estorninhos - São Miguel - AÇORES




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PROCESSO DE FABRICO INDUSTRIAL DO CHÁ GORREANA - SÃO MIGUEL - AÇORES

Acompanhamos agora as folhas de chá dentro da fábrica.
Elas ainda não sabem, mas o destino final não vai ser igual  para todas, umas vão para chá preto e outras para chá verde mas, umas e outras, assim que entram na fábrica, vão para os secadores a secar durante dez horas. Só depois são admitidas na zona de laboração.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES
Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES

Separam-se agora e nunca mais voltam a juntar-se. 
As que hão-de ser chá preto vão para os enroladores e, à medida que vão sendo enroladas, vão perdendo a seiva.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES

As que hão-de ser chá verde, são aquecidas com vapor de água e depois sim, vão para os enroladores.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES

Depois de enroladas os destinos voltam a ser diferentes: as que hão-de ser chá verde vão para a sala de secagem; enquanto que as de chá preto passam para a oxidação, onde ficam três horas.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES

O chá preto está quase pronto, já só lhe falta voltar às máquinas de secagem enquanto que, o chá verde, vai ter que repetir três vezes a sequência de enrolar e secar, mas sempre sem oxidar.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES


Agora que já estão prontos, só falta separar as folhas por peso  e tamanho, desperdiçar as que não enrolaram e empacotar.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES

E depois de saber tudo isto há ainda mais motivos para apreciar e menos razões para recusar uma chávena de chá.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES








SUCESSO DA MARCA GORREANA - SÃO MIGUEL - AÇORES

No século XX chegaram a ser 62 os produtores de chá nos Açores. Neste momento a produção está reduzida a duas fábricas na ilha de São Miguel.
A mais conhecida, pelo menos para nós e a que aparece logo que se faz uma pesquisa a este respeito, é esta, a Fábrica de Chá da Gorreana.

Fábrica de Chá Gorreana - São Miguel - AÇORES


Talvez esta notoriedade esteja relacionada com o facto de ser a única que esteve em laboração contínua desde a data da sua fundação, aquela data que está inscrita e bem visível num azulejo junto à porta de entrada, 1883.

Acreditam os especialistas na arte da gestão que o sucesso da sobrevivência está, com certeza, na qualidade do produto entregue ao Cliente, mas que também não será alheio ao facto de toda a energia consumida na fábrica ser de fonte hidroeléctrica, produzida a partir de um curso de água na mesma propriedade. Esta autonomia energética, aliada ao facto de a maquinaria ser ainda a tradicional, modernizada apenas no estritamente necessário têm sido medidas de gestão ganhadoras.

Fábrica de Chá Gorreana - São Miguel - AÇORES




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COMO E PORQUE CHEGOU O CHÁ AOS AÇORES - GORREANA - SÃO MIGUEL

Quem havia de dizer que todos estes terrenos que hoje são cultivo de chá, um dia já foram laranjais.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES


O chá chegou aqui como e quando chegou à restante Europa, trazido do Oriente nas caravelas portuguesas no século XVI. Mas não se tornou logo numa plantação importante. À época, toda a ilha estava plantada de laranjais e a laranja era uma importante fonte de rendimento.



Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES



No século XVIII uma praga fez desaparecer quase todas as laranjeiras e os terrenos ficaram vazios e os açorianos sem fonte de rendimento.

Foi nesta altura que se desenvolveram plantações que estavam latentes e que hoje são imagem de marca como é o caso da batata doce, do ananás e do chá.
Seja pelo clima, pela composição do solo, ou pela exposição ao ar vindo do mar, os Açores tornaram-se na única região da Europa onde se cultiva e se produz chá e pelo mesmo método tradicional trazido do Oriente.

Fábrica de Chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES




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FASES DO CULTIVO DA PLANTA DO CHÁ - GORREANA - SÃO MIGUEL - AÇORES

Chama-se camellia sinensis. Já sabiam, não é? E também já sabiam que é a única planta de cujas folhas se produz chá. Todas as outras que mergulhamos e deixamos repousar em água fervente produzem infusões, mas não chá. Pois, isso também já sabiam. Vou tentar acrescentar algo de novo.
Cada planta tem uma duração que pode chegar aos noventa anos e a plantação, uma vez feita, mantém-se pelo crescimento natural de novos pés a partir das sementes que caem ao chão. Só será necessário replantar se se pretender alargar ou mudar de sítio a plantação, o que a torna conhecida como uma plantação perpétua.


Fábrica de chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES



Desde o momento da plantação do arbusto até à primeira colheita de folhas há que esperar seis anos e, de todas as folhas que a planta tiver, apenas são interessantes para um chá de qualidade os gomos terminais e as primeira, segunda e terceira folhas.


Fábrica de chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES


A colheita faz-se anualmente de Março até Outubro. 
Durante o resto do ano os agricultores aproveitam para podar, mondar e abrir carreiros, contrariando o crescimento desordenado e melhorando a saúde das plantas.

Fábrica de chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES

Por falar em saúde das plantas, é importante frisar que as plantações de chá dos Açores são isentas de doenças e pragas e, por isso, estão naturalmente dispensadas de qualquer cura química.
Tudo isto e ainda vamos só na parte agrícola da produção. Da porta da fábrica para dentro vem a parte industrial.

Fábrica de chá da Gorreana - São Miguel - AÇORES


CHÁ GORREANA - DO CULTIVO AO FABRICO

Nos nossos planos estava previsto que, após o almoço e alguns miradouros, havíamos de ir beber chá à Gorreana. E foi assim: um excelente almoço; una caminhada; uns miradouros; umas selfies e aí foram eles a caminho do chá.
Mas eram muitos os olhos que iam atentos ao caminho dentro daquele carro! E há coisas que os olhos vêm e a boca não consegue calar, vai daí, no meio do silêncio (sim, que nós também temos raros momentos de silêncio), alguém exclama:
- Chocolates artesanais!
Chocolate artesanal feito com aquele leite que é tão bom é uma placa de sinalização tão poderosa como um sentido obrigatório. Se o sentido obrigatório indica para ali, a gente pára e vai ali.
Ai aquela vitrine! Ai aquele cheirinho! Ai tantos! 
Sentámos, pedimos, provámos e esquecemos as horas. 
Esquecemos as horas e esquecemos as fotos e o nome da fábrica. Fica ali algures na estrada que vai para a Gorreana, se alguém souber... 
Se íamos para o chá, fomos para o chá.
Chegámos quase na hora de fecho, mas muito a tempo de dar neste resultado.



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MIRADOURO DAS PEDRAS NEGRAS - SÃO MIGUEL - AÇORES

Quem se põe como nós a fazer um roteiro de vários dias em São Miguel, aparece-lhe sempre como sugestão o Miradouro das Pedras Negras em Capelas.
Estando já na freguesia basta seguir as setas e vai-se ter a uma estrada marginal junto ao porto.

Há lugar para estacionar e agora fica ao critério de cada um: ou se deixa logo ali o carro e se aproveita para caminhar um pouco subindo sobre a esquerda de quem está de frente para o mar; ou se segue de carro até mais acima, mais perto do miradouro.

Deixámos o carro e fomos a pé.
A inquietação não foi a subida, a inquietação foi a tromba do elefante que nunca mais aparecia.
Não desistimos de subir e aqui está.









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