JAPÃO - KYOTO - FESTIVAL AOI - A SEQUÊNCIA

Trata-se aqui de evocar aquele período da história do Japão em que todos se uniram, a pedido do Imperador, para agradar aos Deuses e serenar a força da natureza.
A cavalo vêm os que representam os mensageiros enviados aos templos para transmitir a vontade Imperial.
JAPÃO - Kyoto - Festival Aoi
As primeiras figuras do desfile são os cavaleiros Norijiri. 

Estes cavaleiros antes de tomarem parte do desfile, competem numa corrida que tem lugar aqui na cidade no início do mês de Maio.

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Em segundo lugar e a seguir aos cavaleiros Norijiri vem o Chefe de Polícia.
O Chefe de Polícia era a quarta figura do estado na era Eian, a era em que este desfile procissão saiu à rua pela primeira vez.
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Já passaram os cavaleiros, o Chefe de Polícia e agora vem o representante do Chefe Judicial.
O Chefe Judicial era a terceira figura mais importante do Estado no período Eian.
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O governo da província de Yamashiro envia também o seu Delegado para se fazer representar neste desfile a que chamam festival.
Este Senhor é também quem administra o Santuário de Kamo que recebe a visita desta parada de figuras ilustres.
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Devagar, com passos curtos, em silêncio e com um ar absolutamente compenetrado na tarefa que estão a desempenhar, vão chegando e passando os primeiros marchantes deste festival.
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Estes homens trazem presentes que, mais tarde, hão-de ser oferendas aos Deuses. Porque, no fundo, é também para manter os Deuses satisfeitos que ainda, na nossa era, se repete este desfile a cada dia 15 do mês de Maio de cada ano.
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As oferendas aos Deuses são escolhidas, acomodadas e cuidadosamente transportadas sob o olhar atento do Responsável do Ritual de Oferendas.
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Enfeitados, para que se destingam bem dos restantes, aparecem os Cavalos Sagrados, que são conduzidos à mão em todo o percurso da parada, para mais tarde serem montados e postos à prova em competição, para deleite das Divindades.
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Nem só as oferendas são vigiadas de perto, também os Cavalos Sagrados são seguidos do Oficial Chefe dos Equídeos. Este Senhor que tem a missão de zelar pelo bom desempenho dos equídios que foram escolhidos para serem sagrados neste desfile, segue-os de perto e com muita atenção.
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Este cortejo, que é cheio de significado, exuberância nos trajes, encenado com rigor, faz-se em silêncio como sinal de respeito. A única coisa que se ouve são os comentários, umas vezes de espanto, outras de mal dizer, dos espectadores. Mas agora vale a pena fazer realmente silêncio porque se aproxima algo que traz som.
Vêm aí os famosos carros de bois que, pelo barulho característico das suas rodas em madeira, se tornaram famosos e aguardados. Rompe-se o silêncio e a solenidade com o chiar das dobradiças. Assim uma espécie de anúncio aos Deuses de que o cortejo saiu mesmo às ruas como manda a tradição.
Os Gissha, que é assim que se chamam, foram usados em tempos para transportar o enviado o Imperador ao desfile.
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Sempre para agradar aos Deuses que acalmam as intempéries, a escolha de participantes nesta procissão é quase como que um concurso de talentos.
Estes cavaleiros, são Oficiais da Guarda Imperial, mas que também têm habilidades de dança e canto. São criteriosamente escolhidos entre os seus camaradas de armas, para terem o privilégio de actuar para os Deuses.
Participam no desfile logo a seguir aos carros de bois cujas rodas de madeira emitem sons chiados e estridentes, têm capacidades de canto, mas aqui vêm em procissão e, por isso, em silêncio.
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Seja ele desfile, procissão, ou parada, o lugar de honra é sempre ocupado pela personagem mais importante. Uma vezes aparece logo no princípio para abrir solenemente a comemoração, outras no fim como se fosse um segredo ou tesouro bem guardado. Aqui, o lugar de honra é a meio do desfile, no lugar da virtude e é ocupado pelo Chocushi, nada mais nada menos, que o Mensageiro do Imperador. Aquele que teve a missão de descer aos templos e fazer cumprir a vontade Imperial que ordenava uma procissão de agrado e luvor aos Deuses das culturas e das intempéries.
Como Mensageirodo Imperadorl coube-lhe, àquele tempo, ler o edital Imperial durante os rituais.
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Na cabeça para estar mais perto do céu, em bom tamanho para ser mais fácil de ver, aquele ramo verde que todos ostentam é um ramo de malva-rosa, a planta dos Deuses. Não podia faltar numa manifestação de louvor.
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Já passaram os animais, os utensílios agrícolas, o povo que ostenta na cabeça a planta dos Deuses e o mensageiro do Imperador que desceu aos templos para pedir orações e devoções.
Agora vem aí o andor que dá nome a este desfile. Todas aquelas flores são gerânios.
Ora veja-se e saiba-sr que, aquela flor que por cá é tão comum e a que chamamos sardinheira, no Japão chama-se Aoi e dá nome a um desfile evocativo de um louvor aos Deuses para obtenção de boas colheitas e enfeita boa parte dos andores.

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Nem só de gerânios se enfeitam os andores desta espécie de procissão que é o Festival Aoi.
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Antecederam o Mensageiro Imperial e estão agora de volta. São os Guardas Imperiais músicos. Trazem os seus instrumentos musicais e vestiram os quimonos mais vistosos que havia para poder tocar os Deuses e aos Deuses durante os cerimoniais que hão-de suceder este Festival Aoi.
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Sendo o Mensageiro Imperial a figura mais importante deste desfile e tendo por missão ler o edital imperial durante as cerimónias, há-de haver sempre um Oficial cavaleiro que segue atrás e cuja tarefa é a de desenrolar e segurar o dito edital enquanto é lido no altar dos santuários.
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Flores, sedas, cavalos bem arreados, mas ainda faltavam as Senhoras para dar mais cor ao desfile.
Estas representam as nobres Senhoras da corte que participaram no desfile original acompanhadas de seus haios que as protegiam do sol com sombrinhas, mais uma vez, enfeitadas com flores. O enfeite mais ou menos exuberante e valioso das sombrinhas era um sinal do seu grau de importância na corte
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Todos participam com o mesmo empenho, a mesma compostura, a mesma devoção, desde o maio à mais pequenina.
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Todos se esmeraram para agradar aos Deuses das forças na natureza. 
Trouxeram animais, alfaias agrícolas, muita gente enfeitada com malva-rosa a planta dos Deuses. Todos tinham aceite o desafio do Imperador mas ainda faltava algo. Faltava pureza. Como é que os Deuses haviam de acreditar que as intenções de todos aqueles devotos eram mesmo puras?
Era isto que ainda preocupava o Imperador. Fez-se então representar no desfile por uma de suas irmãs ou filhas solteiras.

É a jóia da coroa este membro da família real que, não só participava no desfile, como também ocupava o papel de sacerdotiza nos cerimoniais dos santuários depois do desfile acabar.
Ainda hoje, para o desfile, são escolhidas como representantes da pureza e da realeza, meninas moças solteiras filhas dos casais da elite de Kyoto. Eis a eleita do ano de 2015.

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Acabou de passar o Saio-dai, a carruagem que transporta a representante da irmã ou filha solteira do Imperador e atrás vêm as suas Damas de Companhia. Senhoras que gozavam da honra de poder sentar à mesa do Imperador.
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São solteiras, são donzelas, são sacerdotizas nos santuários, mas não são filhas nem irmâs do Imperador e, por isso, desfilam a cavalo em vez de numa carruagem e posicionam-se nesta sequência atrás da representante da família Imperial e de suas Damas de Companhia.
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Tem tudo o que é preciso: Veste-se com robe de seda como era dantes; usa ramos de malva-rosa na cabeça, a planta dos Deuses; enfeita-se de pétalas de gerânio, a flor que protege das intempéries; vai a cavalo para simbolizar os seus antepassados que, por actos de bravura, montavam cavalos a galope para impressionar o Divino.
É assim desde o século VI, pelo menos até hoje.
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Vêem agora, igualmente em silêncio e passo lento, os cobradores de rendas e impostos.
Todos contam na hora de louvar aos Deuses.
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Já vimos passar um e agora vem aí outro. Já falámos dele, o carro de bois de rodas de madeira que fazem o seu som característico. Diz que é agora que o desfile vai acabar.
E assim se cumpriu mais um ano a procissão que comemora o desfile que o Imperador ordenou para agradar aos Deuses que acalmam as intempéris e protegem as culturas.
O que este teve de diferente é que, neste ano de 2015, fomos testemunhas do empenho e devoção que este povo coloca no cumprir das tradições.
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