AVEIRO - PONTE DOS LAÇOS DA AMIZADE

 Deslizando pelo canal fora, logo a seguir ao Fórum, vem a ponte pedonal mais famosa da cidade.


Ponte dos Laços da Amizade - Aveiro - PORTUGAL


Dois estudantes de marketing da Universidade de Aveiro, com a missão de criar um novo ícone para a cidade, tiveram a ideia de atar fitas coloridas nas guardas da ponte que significassem laços de amor ou amizade entre pelo menos duas pessoas.

Ponte dos Laços da Amizade - Aveiro - PORTUGAL



Incentivaram os colegas para que o fizessem também e a ideia foi imediatamente aceite pelos locais, pelos estudantes e até pelos turistas.

Ponte dos Laços da Amizade - Aveiro - PORTUGAL



Cada laço que ali fica representa emoções ali vividas, é como se fosse um "Poema a Aveiro".
Será que ainda têm coragem de ir a Aveiro sem uma fita colorida para deixar na ponte?

Ponte dos Laços da Amizade - Aveiro - PORTUGAL


Acrescentámos um verso ao já extenso "Poema a Aveiro".
Só tem quatro palavras, mas a fita testemunha que "enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar".

Ponte dos Laços da Amizade - Aveiro - PORTUGAL





FÓRUM AVEIRO - O PRIMEIRO CENTRO COMERCIAL AO AR LIVRE DA EUROPA

Navegávamos no canal central e, ainda não tínhamos tido tempo para ficar com uma imagem mais fixa da antiga capitania, já nos estavam a chamar a atenção para o edifício do outro lado do canal.
É exactamente o que parece, um centro comercial.
Só que é desde Setembro de 1998 o primeiro centro comercial ao ar livre da Europa.
Depois deste muitos mais se lhe seguiram e alguns até aqui em Portugal. É só mais uma coisa em que a cidade de Aveiro é pioneira.
Está lá tudo o que um centro comercial deve ter, lojas de marca, escadas rolantes, corredores largos, parque de estacionamento subterrâneo feito, com certeza, com muita ciência num solo com tanta água, um jardim de oliveiras no último andar para ver o pôr do sol sobre a cidade e uma banquinha de tripas doces. Já comeram tripas doces?
Não?
Pois, eu também disse o mesmo quando lá passei, mas não tive sorte nenhuma.

Fórum Aveiro - Aveiro - PORTUGAL


Muito agradável. Só foi pena estar fechado o acesso ao Jardim das Oliveiras no último andar de onde pensávamos poder ter uma imagem aérea da cidade. Lá terá que ficar para a próxima.

Fórum Aveiro - Aveiro - PORTUGAL















AVEIRO - ANTIGA CAPITANIA - EDIFÍCIO DOS ARCOS

 Começa bem o passeio de moliceiro. O primeiro edifício que se nos apresenta é este, a Antiga Capitania do Porto de Aveiro, também conhecido como a Casa dos Arcos.

É justo. Aqueles arcos ali por baixo do edifício são mais antigos do que a própria capitania. Datam de 1406 e fizeram parte de um moinho de maré que também tinha a missão de manter o nível das águas na cidade.
Foi moinho de maré, foi capitania, foi edifício de apoio à fábrica de cerâmica da Vista Alegre, Escola de Desenho Industrial e, neste momento, é sede da Assembleia Municipal de Aveiro e sala de exposições e, claro, um dos edifícios classificados de Arte Nova da cidade. Quase merece uma vénia!


Antiga Capitania do porto de Aveiro - Aveiro - PORTUGAL




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AVEIRO - RESERVAR PASSEIO DE MOLICEIRO

 Assim que o sol despontou aí vão eles explorar a cidade.

Tínhamos chegado na tarde anterior debaixo de chuva e sob ameaça de um tal Alex que, quando confrontado com o poder de Manitu, desviou as nuvens, empurrou o vento e a manhã acordou como se vê.

Vi o conselho em muitos lados e, depois de aceite, vou passá-lo também: a melhor forma de ficar com uma ideia geral da cidade, é começar por um passeio de barco moliceiro.
Há várias empresas, vários cais de embarque e vários pacotes de viagem. Existe até a possibilidade de comprar online com antecedência. Em períodos de muito fluxo turístico até é o mais adequado.
O passeio mais simples dura quarenta e cinco minutos e, à medida que se vão acrescentando extras, o tempo de viagem e o preço vão aumentando, claro.
Estávamos lá logo à abertura, antes das dez da manhã, prescindimos da hipótese de degustação de ovos moles e espumante a bordo e optámos pelo passeio sem extras.
A partir daí é preparar câmaras, estar atento, aprender muito e entrar no espírito brincalhão.
Os guias vão lançando brincadeiras uns aos outros quando se cruzam, residentes e turistas vão fazendo adeus, Elsa, a guia, revelou-se na arte de cantar o fado e o mestre António, na falta de guitarra, fez de uma pá um instrumento de acompanhamento, nós desafinámos o melhor que pudemos e... realmente, o passeio de moliceiro é a melhor forma de começar.



Passeio de barco moliceiro - Aveiro - PORTUGAL





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LENDA DO BARCO MOLICEIRO

 Há muitos, muitos anos, havia um pescador da Ria de Aveiro chamado Ramiro, órfão de pai e mãe que foi criado por uma madrinha muito boa, mas muito feia e que, por causa disso, nunca chegou a casar.
Certo dia, andava Ramiro na faina, quando ouviu um canto doce de mulher e encaminhou o barco para o lugar de onde vinha o som. Deparou-se com uma jovem muito bonita que tomava banho sem roupa... e aproximou-se.
Ela estendeu-lhe a mão, conversaram longamente e ele pediu-a em casamento.
Triste por não poder aceitar, ela explicou que não era mulher, era sereia e que, como filha mais nova do Rei dos Mares, estava destinada para casar com um tritão de quem não gostava. Então começou a chorar e as lágrimas transformavam-se em pérolas que boiavam na água à sua volta.
Ao vê-la chorar o pescador disse logo e que até era capaz de construir uma casa metade na terra, metade na ria, para poder servir para os dois.
Não podia ser, o tritão era muito feroz e matála-ia. A única hipótese seria se ela se pudesse transformar em mulher.
Todos os dias, antes de ir lançar as redes, Ramiro ia ao sítio onde tinha encontrado a sua sereia, mas ela nunca mais apareceu.
Vendo-o assim tão triste, a madrinha aconselhou que fosse à "ti Bárbra", uma mulher de ciência, que talvez soubesse uma maneira de transformar uma sereia numa mulher e assim poderiam ser felizes.
Ansioso que estava por resolver a situação, Ramiro prontificou-se a ir imediatamente. Mas a madrinha explicou que só poderia ir de noite porque a "ti Bárbra" só tinha poderes depois de o sol se pôr.
Não foi naquele momento mas, assim que o sol se pôs, Ramiro meteu pés ao caminho. Andou muito tempo pelas dunas, até que chegou perto de uma choupana de frente para o mar.
Nessa altura, o vento tornou-se muito forte para o empurrar para trás, os relâmpagos eram tão fortes que o obrigavam a fechar os olhos para não ficar cego, os trovões eram tão tenebrosos que a terra tremia, a chuva era tanta que se sentia molhado até aos ossos. mesmo assim, nunca desistiu!
Chegou à porta da choupana, bateu e gritou:
- Ti Bárbra.
A porta abriu-se e apareceu uma velha senhora toda vestida de negro, com uma vela na mão, igualzinha às feiticeira descritas nos livros de estórias e disse-lhe com voz desafinada que entrasse que ela já sabia ao que ele vinha.
Dentro da choupana havia uma fogueira a arder com um caldeirão a ferver e, em cima da mesa, três gatos pretos a dormir e uma caveira. Mesmo sendo valente, Ramiro teve medo!
A velha Senhora percebeu o medo de Ramiro e pô-lo à vontade. Explicou que a caveira não é mais do que aquilo em que se transformam ricos e pobres e o estado em que se acaba, quer se seja bom, quer se seja mau. Também lhe disse que já sabia ao que ele vinha e que o que lhe ia dizer para fazer não era difícil, mas só podia ser feito uma vez, se alguma coisa falhasse, tudo ficaria perdido.
Primeiro teria que construir uma casa de madeira na duna do sítio que chamavam Costa Nova e pintá-la com riscas da cor que mais gostasse, alternando com branco por causa do mau olhado.
Depois era preciso pescar a lua cheia. Meter-se no barco, navegar até que visse toda a lua reflectida na água, lançar a rede devagar, meter toda a lua lá dentro e trazê-la com cuidado para a casa nova e atirar com a rede lá para dentro. Nessa altura a sereia vai sair do mar em forma de mulher e entrar em casa.
Mas havia algo muito importante e que não podia falhar para que tudo desse certo, nem a lua o poderia ver, nem poderia haver o mais pequeno ruído até que a lua entrasse em casa dentro da rede, nem podia contar a ninguém, nem mesmo à madrinha.
Ramiro, decidido foi e ainda mais decidido voltou. Deitou mãos à obra e fez tudo como a "ti Bárbra" tinha dito que fizesse.
Levou três meses a construir a casa e, na proa do barco, fez um acrescento em forma de quarto crescente onde se poderia esconder para não ser visto pela lua.
Esperou pela lua cheia e fez-se ao mar até ao sitio onde viu a lua toda reflectida na água. Lançou a rede com cuidado, apanhou a lua toda, meteu-a com muito cuidado dentro do barco, transportou-a até ao areal mas, ao sair do barco, quase pisou uma gaivota que acordou e soltou um grito.
Quando o grito da gaivota se espalhou pela praia, a bola branca desfez-se dentro da rede e tudo ficou perdido.
Ramiro meteu-se no barco, navegou até ao outro lado da ria onde havia umas covas no chão e chorou mil dias e mil noites seguidas sem parar, enchendo as covas de lágrimas que o sol secou e transformou em sal.
Ainda hoje se podem ver as salinas das lágrimas que Ramiro chorou. As casas que se construíram a seguir na Costa Nova por terem gostado do modelo de Ramiro, continuam a ser pintadas com riscas coloridas que alternam com branco e o moliceiro ainda hoje tem uma proa em forma de quarto crescente.


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MALASSADAS

Entre a Pedra dos Estorninhos e o Salto da Farinha há um caminho para fazer.
A meio do caminho, quero dizer, meio do caminho é uma força de expressão, muito mais perto da Pedra dos Estorninhos do que do Salto da Farinha, fica o parque de estacionamento onde deixámos o carro. Deixámos o carro e deixámos a senhora da carrinha branca.
A senhora da carrinha branca era a única que lá estava quando chegámos. Assim que nos viu sair do carro, falou-nos das suas malassadas, o doce regional que tinha estado a fazer de manhã cedo e que são as melhores ali das redondezas.
Ainda com o almoço bem vivo na nossa memória e a boca a saber a bombons artesanais, comunicámos suavemente que primeiro iríamos às Pedras Negras e as malassadas ficariam para o regresso. Só cá para nós,  a esperança era que a senhora se fosse embora. Mas não foi!
Contra factos não há argumentos e, se a senhora fez boa fé na palavra dos continentais, a única coisa que os continentais tinham a fazer era honrar a palavra dada.
Uma malassada para cada um, por favor.
Enquanto a senhora ia preparando os guardanapos e pegando delicadamente em cada uma, ia fazendo a melhor publicidade possível ao seu produto. 
O que nos entregou para as mãos foi uma iguaria fofa, a saber a laranja, enrolada em açúcar e canela e tão fresca que, se a senhora não tivesse garantido que se tinha levantado cedo para as fazer, diria que tinham sido fritas enquanto fomos ao miradouro.
Saboreámos cada dentada, dissemos muitas vezes "tão bom" e, quando olhámos para trás, a senhora tinha ido embora na sua carrinha branca. Estas eram as últimas que tinha para vender para poder regressar a casa.
Malassada virou palavra mágica para fazer suspirar e crescer água na boca.


Direitos de imagem: povoacense.blogspot.pt 



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